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Bruxaria e Paganismo

Uma entrevista sobre Bruxaria Tradicional

Leia em 15 minutos.

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Introdução

“Oh glorioso São Pedro, Príncipe dos Hereges, a quem o Senhor Chifrudo escolheu para ser sua Máscara Diabólica, entregou as chaves dos Reinos dos Céus e dos Infernos e constituiu pastor universal de todos os exilados, queremos ser sempre vossos companheiros e filhos.”

-Oração a São Pedro dentro da Bruxaria Tradicional

 

A crença em Bruxaria está enraizada no imaginário humano. Primeiramente como um culto pagão, logo após na Idade Média se tornou um culto demoníaco, entre tanto suas raízes nunca chegaram a ponto algum. Digo por, ser uma crença essencialmente marginalizada, aonde os praticantes mesclavam vários cultos e praticas de diferentes povos e gerava um conjunto próprio de praticas, denominado Tradição.

Porém, muito antes de Gardner plagiar descaradamente o material pesquisado e divulgado de Charles G. Leland e então, criar seu próprio culto moderno da bruxaria, a atual Wicca, houveram vestígios de algo mais selvagem como o próprio Leland deixou em seu livro, “Aradia: Evangelho das Bruxas”, escrito em 1899 aonde as bruxas italianas, denominadas Stregas, reverenciavam na Lua Cheia, Lúcifer e Diana, mesclando com encantamentos com santos católicos até evocando o célebre Cain, o primeiro assassino, ao qual tem papel fundamental dentro de vários ramos de bruxaria tradicional.

Para entendermos a um pouco sobre a Bruxaria Tradicional e sua visão, a equipe da Morte Súbita Inc. entrevistou  Draku Qayin um bruxo iniciado em várias linhas de Bruxaria Tradicional e que nos elucida um pouco sobre esse assunto tão sombrio e mal interpretado.

A Entrevista

 

As pessoas em magia fazem mistério com pouca coisa quando o assunto é Bruxaria. 

D.Q.:  O cara que cunhou o termo “bruxaria tradicional”, o Cochrane, dizia: Não existe segredo, os Mistérios estão todos ai, para quem tiver olhos pra ver.” Eu guardo claro, alguns fundamentos e tal de algumas coisas que recebi, por questões de juramento, mas detesto fazer “misterinho” com aquilo que está aí, disponível para quem quer ver. E po**a, eu adoro conversar sobre isso com quem é do meio. Feitiçaria, literatura e cinema de horror… Meus assuntos favoritos.

 

É legal justamente para podermos trazer a luz para as pessoas do que é realmente bruxaria, porque é incrível por mais que haja material, grupos e afins, parece que o assunto não saiu completamente da marginalidade.

D.Q.: Sim e eu acredito q de certo modo nunca vai sair…. As artes feiticeiras sobreviveram exatamente por estarem às margens.


A Bruxaria Tradicional se desapega da visão, digamos ” pink” que muitos praticantes da Wicca utilizam/comercializam.

D.Q.: Sim, eu concordo… A bruxaria chamada de “tradicional” tem muito mais a ver com o imaginário medieval da bruxaria do que com essa visão neopagã de “bruxa boazinha”. Existem as adições recentes, obviamente, mas a estrutura, a forma e função, o mito-drama, é bem mais bruxaria, diabólica, um ethos muito próprio.


E qual vertente você está trabalhando hoje em dia?

D.Q.: Eu inspiro minha prática principalmente no trabalho da Cultus Sabbati… Não sou membro da CS. Mas já há alguns bons anos, minha prática é guiada pelo trabalho da CS. A CS é uma ordem inglesa de traditional craft… O trabalho deles é bem interessante, na minha opinião, refinado e um tanto complexo… Além do ethos de bruxaria inglesa per se que vem das duas linhagens que o fundador, Andrew, recebeu, há uma gama de influências de magia bem interessantes, uma das principais é inclusive o Spare.

Eu estava lendo no seu blog, sobre o seu Familiar que era um sapo. Como é isso? Como funciona os familiares?

D.Q.: O Pedroca (risadas)… Ele morreu em 2013. Hoje só me resta a pele e os ossos dele. Então, o Pedro é meu familiar… Quando eu o peguei ele era filhote, e realizei os sacramentos com ele pra que  o meu demônio familiar habitasse nele… Com a morte dele, usei os ossos pra fazer um fetiche pra continuar com o demônio… Ele, no caso, é um familiar específico de proteção e de guia nos sonhos. É um lance bem herético… Você rouba hóstia na missa pra dar pro animal, parte do processo que eu posso revelar pra adquirir o familiar é dar a hóstia, batizar o animal com água benta, e depois pelo resto da vida do animal, alimenta-lo numa dada época do mês com o próprio sangue do feiticeiro.

 ¹ Texto citado aqui http://www.fortunacaelestis.com.br/2014/07/sapos-bruxaria-tradicional.html***

O Baphomet entra na sua pratica?

D.Q.: Baphomet é tido como um ícone bem importante na prática sabbatica…É o “bode do sabbat”. No grimoire Azoetia, q antecede o Dragon Book, há uma bela conjuração para o ícone baphometico… A feitiçaria sabbatica parte de um princípio muito transcendental e quintessencial, onde absolutamente qualquer ícone/ídolo/deidade/avatar de qualquer “fé dos homens” pode ser usado como “vaso” para os próprios poderes da corrente sabbatica. E, Baphomet é um ícone extremamente “sabbatico”.

Vamos explorar mais então sobre a Lilith – qual é a visão da Bruxaria tradicional sobre?

D.Q.: A Bruxaria Tradicional é um termo bem genérico pra caracterizar diversos tipos de “bruxarias” normalmente de origem européia, então existem grupos, linhagens, clãs, onde Lilith não faz parte… Por outro lado, existem aqueles em que ela é a figura central do “culto”, como a Igreja Romana de Lilith na Itália por exemplo, que é uma forma de feitiçaria tradicional totalmente Lilithiana. Na bruxaria sabbatica, Lilith é mega importante .Conhecida tambem por Liliya-Devala, Lilith é tida como a Witchmother, A Rainha do Sangue-bruxo, Ela seria a “Deusa” das Bruxas…. Como dentro deste tipo de linhagem se acredita que ser bruxo é algo q nasce com você e não uma escolha…

É dito q os bruxos são “mestiços” de humanos e anjos ou demônios ou “fadas”, Lilith, como mãe dos demônios, é tambem é a mãe da Raça Bendita e Maldita, mãe dos bruxos.

¹No Zohar, a mãe de todos os Bruxos é Naamah. Ela se deitou com os anjos Aza e Azael e deu a luz a todos os espiritos caídos e bruxos. Zohar – Beresheet 6:1-4
²Em algumas tradições são reverenciadas as duas, Lilith e Naamah/Nahemah. Em outras, Naamah e Tubal Cain.

 

Você comunga dessas crenças de mestiços ? Elas me lembram os nephilins hebraicos e a descedencia de Naamah após seu coito com azazel

D.Q.: Sim, sim… Naamah, Azazel, Agrath, Lilith… Todos fazem parte do “panteão” sabbatico. De fato, na Arte Sabbatica existe um panteão de 16 deidades, chamadas de Deidades Fiéis… 8 casais… Que são provenientes da demonologia… Liliya-Devala, Mahazhael-Deval (a Soberana Rainha Bruxa e o Soberano Man in Black)… Depois temos… Yemeloi Lucifera e Tubalo Lúcifer, Zhamael e Naamah, Ash’Modai e Azh’Tera, Mahalet Rahab e Azhazhael, Ruha Az’ra Qarina e Qafa Az’ra Mekek, Azhael e Agrath e… Qinaya Habil Zhiva e Lilis Zharial.

Todos sendo “emanações” específicas de poderes “sem nome”.

¹Conceito utilizado pela Qabalah Hermética tambem, aonde todas as forças emanam de uma única fonte, sem nome e impossível de ser compreendida pelo ser humano.

Já vi sobre Zhariel em outros lugares, o que pode mais falar sobre ela?

D.Q.: Então, eu já vi Zhariel em mitos como sendo um demônio filho de Lilith com Samael… No caso específico da tradição Sabbatica, todos esses nomes demoníacos são atribuídos aquilo que são chamados de “Deuses Sem Nomes”, onde tais nomes são dados pelo praticamente baldeado especialmente no imaginário medieval da bruxa e por sua vez na demonologia… O nome é dado aos “sem nome” para que o praticante tenha uma percepção simbólica do que aquele poder representa, do que ele é. Na Sabbatica, Zhariel é associado com o nome Lilis… Lilis Zhariel (ou Zharial) que é uma das oito manifestações ou emanações da Witchmother. No caso, Lilis Zhariel seria a witchmother relacionada com o Mistério dos Mortos, da Morte, do Retorno dos “Mortos Vivos”, e é a deidade patrona, junto de Qinaya, do período em que que outras correntes chamam de Halloween, Samhain e que para a tradição sabbática é chamado de Rito Ancestral ou HUA.

 ¹Zariel, Zhariel, Zhariela ou Ziriel é a Senhora dos Espelhos em algumas tradições de bruxaria tambem. O autor da entrevista por ser ligado a uma dessas tradições, fez uma citação a essa demônia.

Que interessante essa visão dela, há conheci a alguns anos e achei legal o destaque que ela recebe. E em relação a santos católicos, eu pude ver um texto teu relatando o São Pedro – como uma mascara do deus chifrudo – qual a ligação dos santos com a bruxaria? E como é o trabalho com essas entidades?

D.Q.: Então… Primeiramente a bruxaria como um fenômeno nascido na Europa e na idade média (e não essa visão de culto antigo, pagão, etc)… Ela nasce como a própria heresia cristã. Até brinco que no fim das contas, a bruxaria nasce por causa da igreja. Muitos bruxos trabalham com Santos católicos, isso é fato… É dito que quando uma fé/crença/religião é muito forte, tem muitos seguidores… Muito poder é gerado pela fé dos seguidores e quanto mais “algo” é cultuado, mais poder é gerado pela fé das pessoas que cultuam esse “algo”. O bruxo, em sua astúcia, se utiliza desse poder… Ele “rouba” esse poder e alinha esse poder para o Intento próprio da Arte dele… Principalmente com foco na fé predominantemente da terra em que ele habita. Os santos são cultuados há séculos, por milhares de pessoas… Logo, partindo do princípio acima, há muito poder na “imagem” de um santo católico (independente dele ter existido ou não, o que importa aqui é a quantidade de Poder/Energia que os fiéis geram para esse “ícone”.)

O bruxo, como bom filho do Diabo, como um bom “trickster” vai lá e utiliza da imagem do Santo, alinhando o poder gerado pelos fiéis ao seu próprio propósito… Então um santo pode ser usado como um sincretismo, ou pode ser usado como um “vaso” para um espírito específico ou mesmo como uma “fonte de poder” (como uma bateria, bateria essa alimentada pela crença que milhões de pessoas depositam nesse Santo)

¹ texto ao que o entrevistador se refere http://www.fortunacaelestis.com.br/2014/06/sao-pedro-idolatria-bruxaria-tradicional.html
²Dentro de toda bruxaria européia, principalmente a Italiana, o culto a Santos Católicos existe.

É um conceito da magia do caos tambem.

D.Q.: A obra de Spare influenciou MUITO a obra do Andrew (fundador da cultus) para a vertente tradicional, a bruxaria é sim uma heresia cristã.

 

Você se referiu sobre o bruxo como filho do diabo, e o diabo como o trisker. O que é o Diabo para a bruxaria? Como ele é visto ou como trabalhado?

D.Q.: O Diabo é o intercessor entre o bruxo e o mundo espiritual… ele é MUITO semelhante ao Orixa Exu e ao lwa Papa Legba, é ele quem guarda os caminhos, a entrada, o portal, ele é o Instrutor, o “professor”e o psicopompo.

 

Então ele é cultuado? Existem oferendas a ele?Alias, ele possui algum nome ou é chamado apenas de Diabo?

D.Q.: Ele é acima de tudo o Iniciador… Aquele que testa o bruxo através de provações e ordálias. Ele tambem é o companheiro da Rainha, e como tal assume entre outros nomes o nome de Mahazhael-Deval. Sim, ele é cultuado como o Opositor e “guia” do caminho. Assim como Exu, ele é normalmente o primeiro a ser chamado, pois ele que abre o caminho. Oferendas são variadas, uma muito comum é o sacrifício de um galo.  Ele assume outros nomes, Tal qual Apethiui. E em outras linhagens, ele tem nomes específicos. Ele é uma força primitiva Selvagem, atávica, que tem características de diversos “deuses chifrudos” e com o advento do Cristianismo ele passou a vestir a “roupa” de Diabo.


Ele possui alguma ligação com o Deus de Chifres da Bruxaria Moderna, ou são formas distintas?

D.Q.: Eu acredito q o Deus Chifrudo da Wicca foi inspirado no Diabo, assim como a Deusa da Wicca foi inspirada na Rainha de Elphame/Witchmother/Lilith, o que Gardner fez foi deixar o Diabo mais “light”.

 

Ou seja, o termo “moderno”  que a Wicca usa seria um jeito de disfarçar as raízes selvagens da Bruxaria Tradicional?

D.Q.: De certo modo sim, a Wicca tem algumas coisas que tambem se encontra no que se chama de BT. Mas… são similares na ponta do iceberg, exemplo mesmo é o Diabo. O Diabo “sempre foi” o Mestre das Bruxas no imaginário medieval, o que Gardner fez foi pegar essas diversas “imagens” do imaginário e tentou organizar isso como uma religião mais pagã e mais “boazinha”.

 

Isso me lembra os sabbaths do Mestre Leonardo.

D.Q.: Sim, um dos nomes do Diabo um dos muitos nomes que ele tem é Mestre Leonardo!  Muitos nomes de uma força sem nome,  Lovecraft o chamaria de Nyalarthotep,The Man in Black, que é um dos títulos tradicionais Dele e, assim como Nyarlathotep é o emissário dos Old Ones, o Diabo é o emissário dos “Deuses Anciãos”. Deuses Anciãos são deuses que estão acima dos deuses mortais dos homens.

Na bruxaria, existe algum modo especifico de se contatar espíritos?

D.Q.: Diversos modos… um exemplo clássico é o transe causado por substancias alucinógenas (ou enterógenicas), o famoso “Vinum Sabbati” por exemplo ou o Unguentum Sabbati são apenas dois exemplos, de diversos modos que são usados para se alterar a consciência para contatar espíritos. Há tambem a possessão. Tomando a Cultus Sabbati como exemplo… No Dragon Book existem rituais GIGANTESCOS, coisa de 6 a 8 horas de duração, uma das principais funções disso é levar a exaustão que vai fazer com que o bruxo altere sua consciência e atinja o “vôo ao sabbat” vou usar uma linguagem bem vulgar, bem mundana, você está lá no tal ritual a horas e horas e acabou o ritual… Você tá exausto foram 6 horas de ritual e sua mente está completamente “embriagada” de tanta simbologia, você literalmente cai e dorme… e então acessa o sabbat através do sonho lúcido e é a mesma coisa… Cada grupo/linha/individuo tem suas técnicas para isso… O Clan of Tubal Cain por exemplo, se utiliza de dança e técnicas respiratórias pra atingir transe, a maioria das “bruxarias” tradicionais que eu conheço usam venenos/enterógenos as vezes, combinações de coisas ritual extenso… Repetição de “mantras”… Dança… E Alucinógeno… Tudo tambem vai depender de qual é o intento do trabalho…

 

Sobre o Tubal Cain quem é ele na bruxaria e qual a relação dele com Naamah.

D.Q.: Então… A gente tem que ir lá pro Caim inicialmente, Caim é considerado o primeiro feiticeiro, o primeiro assassino, o assassinato de Abel é tido como o assassinato do próprio “eu profano”veja que … Caim é uma figura MÍTICA, que simboliza exatamente o atavismo do sangue-bruxo e não é visto como uma figura literal, como praticamente toda a Bíblia, uma metáfora, uma parábola, Tubal-Caim seria um “estágio” avançado, ele é o primeiro ferreiro. Enquanto Caim é o primeiro agricultor, Tubal é o primeiro ferreiro. Tubal Caim é descendente de Caim. Naamah é irmã de Tubal Caim, descendente de Caim e tambem é aquela que “seduziu” o Anjo-Bode mais uma vez encontramos os “mestiços”… Cruza de anjo com humano… Naamah é vista não só como um “avatar” de Lilith como é, para a bruxaria sabbatica, uma das 16 Deidades, para o Clan of Tubal Cain, Tubal é o Velho Ferreiro e o próprio Chifrudo e… Claro, que há tipos de “bruxaria tradicional” em que essas figuras não fazem parte do corpus “mítico”Caim (e, posteriormente Tubal-Caim) é então o primeiro feiticeiro, aquele que fez o primeiro sacrifício, aquele que matou seu “eu profano” para se tornar um feiticeiro… E é um simbolo atávico de todo o sangue-bruxo… Logo, todo feiticeiro verdadeiro “é Caim”. Eles são irmãos e ao mesmo tempo o casal mítico ao qual trabalhamos.

http://www.fortunacaelestis.com.br/2013/11/um-rito-para-caim-o-primogenito-do.html

E Naamah? Conte mais sobre ela

D.Q.: Ela é a tecelã,  então tem toda uma relação com a Roda… que por sua vez é ligada a Fortuna/Sorte/Destino. Ela é tida como um aspecto “dama” da Rainha. A Triplicidade da Rainha é conceito tradicional que foi assimilado pela bruxaria moderna então enquanto Lilith/Liliya-Devala é a Rainha em sua forma Suprema… Na’amah, Rahab e Agrath são respectivamente a “Dama/Donzela”, a “Mãe” e a “Velha”(isso claro, dentro da visão da Cultus Sabbati) então Na’amah, Rahab e Agrath seriam as três facetas de Liliya.

 

Existem graus dentro da Bruxaria tradicional? Como alguém pode aprender?

D.Q.: Depende… Depende do grupo, depende da linhagem, existe uma linhagem inglesa, chamada Black Boar,Javali Negro, que é uma das linhagens bruxas da Cultus Sabbati… Nela há 3 graus, igual algumas linhas da maçonaria, já a Red Serpent uma outra linhagem da Cultus, não existem graus. Seja sendo convidada para um grupo normalmente( diz a tradição que se você pede pela iniciação, pede pra entrar num grupo, o pedido é negado) você tem q ser convidado ou você pode aprender através de uma única pessoa, um bruxo que te aceita como aluno. Isso é muito particular de cada grupo, cada linhagem, cada clã,  além claro de diversos praticantes totalmente solitários que aprendem “direto” com o Diabo… O que é muito comum, até mesmo nos relatos.
Você leu o texto do sapo, certo? Existe aquela iniciação solitária (diferente de auto iniciação) que eu cito dos Toad Men, uma pessoa que vai lá nunca foi “iniciada” em grupo,  pega e faz o rito, e tem sucesso em concluir o rito (porque se qualquer etapa do rito não der certo, a iniciação não acontece) é dito pelo folclore que a pessoa recebe o poder, é iniciada pelo próprio Diabo, então há vários caminhos para se aprender as Artes Negras.

Considerações Finais

Em primeiro lugar, a equipe Morte Súbita Inc. agradece o Draku Qayin.

O quadro ao lado, é o Sabbath das Feiticeiras como acreditado pela Idade Média. Nele, as Feiticeiras aprendiam magia negra direto com o Diabo, chamado de Mestre Leonardo e em troca de fetos de cabritos, realizavam suas magias. Como citado pelo Draku, isso de certa forma nem é tão absurdo, já que muitos praticantes de Bruxaria Tradicional aprendem e desenvolvem suas tradições através do que aprendem com o próprio Diabo, porque no fundo, o tradicional existe e não existe – ele é levado para o mundo dos mortos e volta por novos bruxos, novas pessoas que possuem o Sangue ou a Marca.

A Marca ou o Sangue é uma crença encontrada em várias vertentes de Bruxaria Tradicional. Na Stregheria, acredita-se que o sangue de strega é passado em geração em geração, podendo até pular uma geração, aonde são feitos testes para saber se a criança é ou não strega. Algumas vertentes de bruxaria germânica acreditam numa marca ao qual reconhecem os membros perdidos das tribos Aesir ou Vanir.

A Bruxaria retratada pelo Draku, é derivada de uma vertente inglesa, a Cultus Sabbatis e crê que no sangue, que bruxos são em essência filhos de anjos com homens. Crenças variadas retratam no fundo uma mesma ideia – de que existiram fornicações entre homens e espíritos, interpretados de diversas maneiras ao redor do mundo. E o renascimento de pessoas que teriam essa essência espiritual, rotulada como sangue de caim ou marca, mas que no fundo apenas mantem a chama daquelas que não morreram pela inquisição.

E os Bruxos Tradicionais ainda vivem.

Ainda se encontram em voos astrais e aprendem com El Dieguito na Espanha, Master Leonard na Inglaterra, The Man In Black, Aquele que Está na Encruzilhada, entre inúmeros outros nomes que o Diabo tem e assume pelo mundo.

E com grande honra, nós praticamos o Osculum Infame n’Ele.

Equipe Morte Súbita Inc.

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